A PARÁBOLA DAS BODAS

  POR RODRIGO HENRIQUE

O homem sem veste nupcial é expulso das Bodas (Mt 22.11-13)



A Parábola das Bodas (cf. Mateus 22.1-14) é, sem sombra de dúvidas, uma das parábolas mais profundas registradas no Evangelho de Mateus. Seu conteúdo é de valor riquíssimo e muito tem a nos ensinar e alertar. Devemos, portanto, aprender com as palavras do Mestre, porque elas são "espírito e vida" (Jo 6.63).

Sabemos que nesta ocasião Jesus estava no templo de Jerusalém e, tomando a palavra, tornou a falar aos príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo (Mt 21.23) por meio de "parábolas, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho" - Mateus 22.1,3a

Aqui, o rei representa Deus Pai. Seu filho, por outro lado, representa Jesus, e as bodas referem-se à festa de casamento. O rei, então, "enviou os seus servos a chamar os convidados..." - Mateus 22.1,3a


O CONVITE REJEITADO

Porém, "estes não quiseram vir" (Mt 22.3b). Aliás, estavam indiferentes quanto às bodas. Consideravam, por certo, que haveriam coisas "melhores" para se fazer ao invés de atenderem ao convite real.

Mas o Rei, sendo longânimo, "enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas" - Mateus 22.4

Que maravilha! Hein? Além de ser paciente o Rei também nos oferece do seu banquete, nos oferece uma festa de benção e provisão. O texto diz que o jantar já estava preparado, os bois e cevados já mortos, e tudo à mesa, pronto para nosso deleite e alegria.

Os convidados, "porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram" - Mateus 22.5,6

Mas que situação triste. Não bastasse a rejeição ao convite, alguns acabaram por ultrajar e matar os servos do Rei. Jesus está mostrando uma verdade lamentável aqui. Os primeiros convidados da festa foram os judeus (cf. Mt 10.6,7), mas eles, por sua dura cerviz, não demonstraram interesse.

Na verdade, muito pelo contrário! Certa vez Jesus expressou o seu lamento dizendo: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?" - Lucas 13.34

E não apenas os profetas... Mas o próprio Cristo fora morto e rejeitado por Israel. Assim nos escreveu Lucas: "Este Jesus é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina" - Atos 4.11

Rejeição não diferente daquela enfrentada pela Igreja e apóstolos. Mesmo Paulo, antes de sua conversão, perseguiu e tirou a vida de muitos dos "servos do Rei" (At 22.4; I Co 15.9).

Por diversas vezes o Senhor enviou profetas, sábios e escribas ao povo de Israel; mas a uns deles mataram e crucificaram; e a outros deles açoitaram nas suas sinagogas e os perseguiram de cidade em cidade (cf. Mt 23.34).

Quantas vezes quis Deus ajuntar Israel, mas eles rejeitaram seu convite!


DESTRUIÇÃO, O JUÍZO DE DEUS

Entretanto, o Rei, "tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade" - Mateus 22.7

Neste versículo encontramos uma profecia relacionada à destruição de Jerusalém. É fato que Deus é misericordioso e gracioso, mas seu Espírito, nos diz a Escritura, "não contenderá para sempre com o homem" (Gn 6.3). Existe um momento no qual o Senhor deixa de exercer sua graça e paciência a fim de exercer seu juízo.

Deus enviou muitos convites a Israel, mas um a um eles foram sendo rejeitados... O juízo do Rei descrito na parábola veio a se cumprir no ano 70 d.C, com a destruição de Jerusalém. Na ocasião os exércitos do general Tito pilharam e incendiaram a cidade. Esses exércitos foram, em verdade, apenas um instrumento da "vara da ira de Deus" exercendo juízo sobre um povo que até então desprezara a misericórdia.


O CONVITE SE ESTENDE AOS GENTIOS

O Rei, então, disse aos servos: "As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos" - Mateus 22.8

No texto original em grego, a palavra aqui utilizada para "dignos" foi "axios" (gr. ἄξιος), denotando aquilo que é pesado na balança atribuindo-se o valor correspondente. Sendo assim, os primeiros convidados não foram achados dignos porque desprezaram o convite do Rei. A dignidade encontra-se no fato de atender e valorizar o convite, o chamado.

Então, chamando os servos, disse o Rei: "Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes" - Mateus 22.9

Bendito seja Deus! Observamos, tempos depois, Jesus enfatizando e ordenando esse "ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado" - Mateus 28.19,20

Cumprindo-se, assim, o que disse Jesus aos judeus em Mateus 21.43: "Eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos".

Dessa forma, "os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados" - Mateus 22.10

Aqui encontramos outra verdade bíblica. Ao mencionar "tanto maus como bons" a Bíblia está nos ensinando que o Rei dos reis não faz acepção de pessoas. O convite para as bodas é feito a todos, é estendido tanto a bons quanto a maus, tanto a ricos quanto a pobres, tanto a brancos como a negros, tanto a homens quanto a mulheres... O convite é feito a todos nós!


TRAJE NUPCIAL, UMA NECESSIDADE

Porém, o rei, "entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu" - Mateus 22.11,12

Importante mencionar que há um aspecto muito interessante no ensino que acabou se perdendo com a tradução para o português. Vemos nos dois versos acima a palavra "não" sendo utilizada por duas vezes, no entanto, no original em grego tratam-se de duas palavras diferentes e com significados distintos.

A primeira é "ouk" (gr. οὐ) e refere-se à negativa quanto ao fato: ele não estava trajado com veste de núpcias. Já a segunda é "mḗ" (gr. μή) e denota não apenas o fato de que ele estava sem a veste nupcial, mas que agira assim de propósito, por sua própria vontade e intenção.

Sendo assim, fica claro que aquele homem queria apenas as bençãos do Rei, o seu banquete; mas não queria se portar de modo adequado, conforme a exigência. Infelizmente isso tem acontecido muito nesses últimos dias. Várias pessoas estão na Igreja em busca das bençãos, do banquete, da provisão; no entanto, não querem viver em santidade, não querem nascer de novo... 

Dessa forma, muitos têm rejeitado a veste nupcial. A veste da santidade, a veste da justiça e a veste da pureza. O resultado não será outro senão a ordem vinda do Rei: "Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes" - Mateus 22.13

É necessário compreendermos que o convite se dá a todos nós, no entanto, é esperado que venhamos a agir de modo a corresponder o benefício que nos têm sido feito. Devemos, pois, cumprir com os requisitos exigidos pelo Rei, seguindo sempre "a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" - Hebreus 12.14

Se quisermos permanecer na festa, faz-se necessário atentarmo-nos para o que nos diz o apóstolo: "Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus" - Romanos 8.13,14

Andemos, pois, no Espírito. "Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" - Mateus 22.14


Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!


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REFERÊNCIAS

Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida Fiel.
Comentário Bíblico Beacon; CPAD.
SNODGRASS, Klyne. Compreendendo Todas as Parábolas de Jesus; CPAD.
STRONG. Concordância de Strong. Disponível em: https://biblehub.net/searchstrongs.php?q=








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