SETE E ENOS: INVOCANDO O NOME DO SENHOR EM GÊNESIS 4
POR RODRIGO HENRIQUE
O capítulo 4 de Gênesis apresenta importantes momentos da história da humanidade, especialmente no que se refere ao relacionamento entre o homem e Deus após A Queda. Entre os eventos descritos, temos o nascimento de Sete, um marco importante na linha genealógica que levaria à preservação da fé e do propósito divino.
A partir de Sete e de seu filho Enos, a humanidade começou a invocar o nome do Senhor, um ato de grande significado espiritual. Neste artigo iremos explorar esses versículos e o que eles nos ensinam sobre a dependência de Deus e a importância de buscar a sua presença.
TEXTO BASE
Gênesis 4.25,26
E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outra semente em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. E a Sete mesmo também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então, se começou a invocar o nome do Senhor.
I - ADÃO TORNA A CONHECER EVA
Sabemos que a palavra "conhecer" é utilizada no sentido de praticar uma atividade sexual, ou seja, Adão tornou a ter relações íntimas com Eva, sua esposa, e ela concebeu um filho a quem pôs o nome de Sete.
Este nome tem origem no verbo "colocar, definir" (heb. shith - שִׁית) e significa "colocado ou definido", o que levou Eva, neste sentido, a esclarecer que chamou o seu nome Sete porque Deus havia dado (colocado/definido) a ela "outra semente em lugar de Abel".
É interessante observarmos que Eva reconhece que filhos são fruto da benção de Deus sobre o casal, capacitando-os a gerar (cf. Gênesis 1.28). Isso demonstra consciência de sua dependência divina não só em alguns aspectos da vida, mas em todos, inclusive para crescer e multiplicar.
Quanto ao nascimento de Caim, por exemplo, Eva disse ter alcançado "do Senhor um varão" (Gn 4.1); e agora, em relação ao nascimento de Sete, destacou que Deus é quem "deu outra semente em lugar de Abel" (Gn 4.25).
Portanto, deveríamos aprender desde já que somos inteiramente dependentes de Deus em todos os aspectos do nosso viver. Somos capazes de respirar, andar, trabalhar e gerar filhos única e exclusivamente porquanto Deus nos abençoou e nos fez aptos e capazes para tanto.
Reconheça sua dependência, tal como Eva, e seja grato pela benção do Senhor sobre sua vida.
II - ENTÃO SE COMEÇOU A INVOCAR O NOME DO SENHOR
Diz a Santa Escritura que "a Sete mesmo também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então, se começou a invocar o nome do Senhor".
Ora, este trecho é muito relevante para nós, pois nos diz -- de forma expressa -- que foi após o nascimento de Enos que o nome do Senhor passou a ser invocado. O significado de tal frase é muito claro e demonstra que a descendência de Caim não invocava ao Senhor (para saber mais, clique aqui).
No entanto, a partir de Sete e de Enos as coisas seriam diferentes. Em seu comentário bíblico, Warren Wiersbe observa a seguinte progressão: 1. Sete - Um Recomeço de Deus; 2. Enos - Clamando por Deus; 3. Enoque - Andando com Deus, e; 4. Noé - Descanso e Consolo de Deus.
Tal progressão revela-nos um contraste direto com a atitude de Caim e sua descendência. Enquanto Caim e os seus se afastavam do Senhor, Sete e os seus se aproximavam dele. Desta maneira ambas as descendências são vistas como antagônicas uma à outra.
De um lado temos homens rebeldes, mas do outro encontramos homens fiéis ao Senhor Todo-Poderoso.
Perceba o leitor(a) que a atitude humana traz consigo suas consequências, ao se afastar e rebelar-se contra Deus, o juízo é apenas uma questão de tempo, mas ao se aproximar e invocar o seu nome, gozamos de sua companhia.
Vamos agora à análise do verbo "invocar" (heb. qara - קָרָא). Trata-se de um termo utilizado para expressar uma invocação, mas o que isso significa? Segundo a Concordância Exaustiva de Strong o significado expressa a ideia de "clamar por, chamar pelo nome e/ou abordar uma pessoa conhecida".
Conforme relatou Moisés, a partir de Enos O NOME DO SENHOR passou a ser invocado. Obviamente eles precisariam conhecer aquele nome para poderem invocá-lo, o que demonstra que Deus deu o primeiro passo (como sempre o faz), revelando-se a si mesmo e dando-se a conhecer pelo nome àqueles homens.
Invocar é clamar por alguém, é abordar uma pessoa que dantes já foi conhecida, ou seja, é se dirigir à alguém que pode ser encontrado. Deus tem prazer em se revelar e está disposto a se relacionar conosco, mas devemos, tal como observamos no texto bíblico, invocar o seu nome e buscar a sua face antes que seja tarde demais e se esgote o tempo da misericórdia.
Não nos esqueçamos que devemos buscá-lo enquanto ele está perto, e invocá-lo enquanto se pode achar. Haverá um dia em que buscarão ao Senhor e não o acharão, porquanto já terá se retirado deles (II Cr 24.20; Os 5.6).
Você tem seguido o exemplo de Sete e de Enos ou está andando pelo caminho de Caim?
CONCLUSÃO
Ao analisarmos a história de Sete e de Enos, podemos perceber que o relacionamento com Deus é marcado por escolhas. Enquanto a descendência de Caim se afastava do Senhor, Sete e os seus buscavam invocá-lo, dando início a uma tradição de comunhão e dependência.
Assim como naquela época, hoje também enfrentamos a escolha entre caminhar com Deus ou seguir por um caminho de rebelião. A mensagem que permanece é clara: invocar o nome do Senhor é vital para desfrutar de sua presença e graça. Que possamos, à luz desse ensinamento, seguir o exemplo de Sete e de Enos, reconhecendo nossa total dependência de Deus em todas as áreas da nossa vida.
Christo Nihil Praeponere - “A nada dar mais valor que a Cristo”
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