A DEPENDÊNCIA DE JESUS É O QUE REALMENTE IMPORTA

POR HELLEN NUNES


Marta e Maria


“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa. E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não te importas que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude. E, respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”.

Lucas 10:38-42


1. O QUE ESTAVA ACONTECENDO?


Jesus e seus discípulos chegam em um povoado chamado Betânia, e, Marta, irmã de Lázaro e de Maria, moradora daquele local, logo os convida para jantar em sua casa.


2. ENTENDENDO A CULTURA DA ÉPOCA 


Para entramos no assunto principal, julgo necessário o entendimento de quão essencial era a hospitalidade no período para os cristãos - A palavra “hospitalidade” no grego quer dizer “amor pelos outros”. 


Havia muitos nômades à época, cristãos que deixaram suas casas por perseguições ou que haviam renunciado os seus sustentos, muitas vezes agrícolas, para pregar o evangelho. 


João em sua terceira carta ensina que aquele que receber um irmão missionário se torna um cooperador da Verdade. Em Romanos 12:20, Paulo ensina que o ato de hospitalidade era necessário até mesmo para com os inimigos: ‘Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque fazendo isso, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça’. 


Rejeitar uma refeição para os pobres e necessitados era um pecado: “Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?" (Isaías 58.7).


3. O CONVITE DE MARTA


Pois bem, se temos a responsabilidade de oferecermos o alimento aos nossos inimigos, quem dirá para o Rei da Gloria? Certamente esse foi o pensamento – certeiro - de Marta. 


Alguns estudiosos afirmam que Marta era viúva e irmã mais velha de Lázaro e Maria. Quando soube que Jesus estava no povoado, logo foi se encontrar e os instou à jantar em sua casa. 


Podemos imaginar o quão caro era receber Jesus para o jantar, já que ele nunca andava só. Fato que não a desmotivou a convidá-lo a entrar em sua casa, pelo contrário, Marta queria que o mestre e seus discípulos se sentissem bem-vindos em sua casa, e com certeza servi-los-ia com o melhor.


4. O PREPARO DO JANTAR 


Não vamos nos ater aos detalhes, mas os banquetes na época eram constituídos por uma entrada, geralmente feita de vinho e mel. Após, a Cena (prato principal) era servida em bandejas decoradas pomposamente. Não havia garfos e, portanto, os convidados se alimentavam com os dedos, com exceção das sopas que se usavam colheres. Era servido também o “Bocado” para o hóspede mais importante. O bocado era um pedaço de pão imerso em algum molho/alimento e servido na boca do hóspede principal (exatamente o que Jesus deu a Judas na última ceia, representando um ato misericordioso e amoroso). No final da Cena, era servido a sobremesa que normalmente era bolo ou frutas. 


5. A PREOCUPAÇÃO DE MARTA


Neste sentido, podemos imaginar quão atarefada Marta estava e, talvez, preocupada para que o banquete saísse como planejado.


Marta amava Jesus verdadeiramente. Somente os que amam verdadeiramente a Jesus estão dispostos à serventia. No entanto, não podemos deixar que o amor à serventia se torne uma sobrecarga e nos faça desviar o foco: Jesus.

 

O Rei da Gloria estava em sua casa, Jesus amava essa família e já havia se hospedado outras vezes na casa de Marta. Situação que nos leva a reflexão: Como estamos recebendo Jesus? Estamos acostumados com ELE em nossa casa? Embora Jesus estivesse cansado e certamente com fome, porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós, ELE era DEUS. Jesus como homem tinha as necessidades que hoje temos, no entanto, ELE era DEUS. O DEUS em carne e osso estava em sua casa, e Marta, coberta de agitação e ansiedade não entendeu que o próprio Senhor Jesus já estava preparando o maior e melhor banquete. 


Reflita: O quanto as nossas ansiedades e as nossas preocupações com as coisas terrenas nos fazem esquecer do Banquete Celestial que nos aguarda?


Pela ótica humana, e como dona de casa, entendo a aflição de Marta quando vê a postura de Maria. Afinal, havia muitos convidados para o jantar, e havia um convidado muito especial. 


6. O QUESTIONAMENTO DE MARTA


Marta então questiona o mestre esperando que aquilo que ela julgava importante e correto fosse aceito pelo Senhor. Quantas vezes oramos com a motivação errada, tentando convencer a Cristo do que julgamos ser o melhor para nossa vida?


Cristo, na sua onisciência repreende Marta carinhosamente: “Marta, Marta...” Mostrando que a repreensão deve ser tratada individualmente e afirma que “Só uma coisa era necessária” (Lucas 10.42): Sentar aos pés de Cristo para receber os seus santos ensinamentos.


7. A ESCOLHA DE MARIA


Maria escolheu a melhor parte e foi justificada dos pensamentos errados de sua irmã. Muitas vezes somos/seremos mal interpretados e censurados pelo mundo, mas se estivermos aos pés de Cristo, a peleja não será nossa. Aos pés de Cristo é um excelente meio de manter as nossas ansiedades longe do coração. 


8. CONCLUSÃO - O QUE DEVEMOS FAZER?


Quando alguma coisa oprime o nosso espirito, devemos tranquilizar a nossa mente pela oração. Quando nossos afazeres estiverem confusos ou complicados, precisamos buscar a direção aos pés de Jesus.


“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.” Filipenses 4:6-8


9. REFERÊNCIAS


KEENER, Craig S. Comentário histórico cultural da Bíblia: Novo testamento/Craig S. Keener- São Paulo: Vida Nova, 2017.


HENRY´s, Matthew. Commentary on the Whole Bible – Volume VI – Acts to Revelation. Domínio Público- CPAD 2012


MORRIS, Leon L. – Luke, na Introduction and Commentary. Inter-varsity Press, Leicester, Inglaterra 1993

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