A GRANDE COMISSÃO
1. O Chamado de Cristo para Todos os Discípulos
Antes de subir aos céus, Jesus deixou uma ordem clara aos seus discípulos: “Portanto, ide, ensinai todas as nações…” (Mateus 28:19). Esta missão é conhecida como A Grande Comissão. Não é um convite, mas uma ordem — um chamado que transcende gerações, geografias e culturas. Não foi dirigida apenas aos apóstolos, mas a todo aquele que se declara discípulo de Cristo.
Infelizmente, muitos na igreja hoje veem esse mandamento como opcional. Porém, ao observarmos o contexto bíblico, vemos que evangelizar, discipular e ensinar são responsabilidades intransferíveis. Jesus nos chama para sermos participantes ativos no avanço do Reino de Deus, levando luz onde há trevas e esperança onde há dor.
O verbo “ide” no original grego (πορευθέντες – poreuthéntes) tem o sentido contínuo de “indo” ou “enquanto forem”, indicando que a missão é para a vida toda, em qualquer lugar, seja no trabalho, na escola, no lar ou em terras distantes. Não há espaço para passividade. Onde quer que estejamos, devemos ser testemunhas de Cristo (Atos 1:8).
A Grande Comissão não é um fardo, mas um privilégio: cooperar com o próprio Deus na transformação de vidas. Se somos embaixadores do Reino, como podemos permanecer calados diante de um mundo que perece?
Hoje, pergunte a si mesmo: Tenho vivido como alguém que entende e cumpre esse chamado? Se a resposta for “ainda não”, ore pedindo a Deus coragem, sabedoria e oportunidades para começar a cumprir a missão que Ele confiou a você.
2. O Espírito Santo — A Força da Missão
Jesus sabia que a missão de evangelizar o mundo seria impossível pelas forças humanas. Por isso, antes de enviar os discípulos, Ele prometeu o auxílio do Espírito Santo: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas…” (Atos 1:8). O cumprimento da Grande Comissão está diretamente ligado à presença ativa do Espírito na vida do crente.
A palavra “poder” no texto grego é dunamis, que dá origem à palavra “dinamite”. Esse poder é transformador, explosivo, irresistível. Não é uma emoção passageira, mas uma capacitação sobrenatural para realizar a obra de Deus com ousadia, sabedoria e amor. Sem Ele, nossa pregação se torna vazia e nossas ações, ineficazes.
No Pentecostes, em Atos 2, vemos o Espírito capacitando os discípulos a falar em outras línguas, alcançar multidões e testemunhar com autoridade. Mas o propósito central não era o espetáculo, e sim a proclamação do Evangelho. Isso nos ensina que o verdadeiro sinal de uma vida cheia do Espírito é uma vida que testemunha Cristo com poder e paixão.
O Espírito Santo nos guia às pessoas certas, nos dá palavras sábias, nos convence do pecado e nos fortalece em meio às perseguições. Ele não é apenas um auxílio; Ele é o protagonista invisível da missão.
Se você tem medo de evangelizar, sente-se despreparado ou sem recursos, lembre-se: não é você quem convence, transforma ou salva. É o Espírito quem faz isso, e Ele habita em você.
3. O Conteúdo da Mensagem — O Evangelho Puro e Simples
Cumprir a Grande Comissão não é apenas sair por aí falando de Deus, mas anunciar uma mensagem clara, poderosa e transformadora: o Evangelho de Jesus Cristo. O apóstolo Paulo resume bem essa mensagem em 1 Coríntios 15:3-4: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia…”.
O Evangelho não é autoajuda, não é coaching espiritual, nem é uma mensagem centrada no homem. Ele é centrado em Cristo, na sua cruz, no seu sangue derramado, na sua ressurreição e no chamado ao arrependimento. Anunciar o Evangelho é proclamar que todos pecaram, estão separados de Deus, mas que há salvação mediante a fé em Jesus.
Muitos têm deturpado essa mensagem, tornando-a palatável ao gosto do mundo. Pregam um Cristo sem cruz, uma graça sem arrependimento e um céu sem santificação. Isso não é evangelho, é engano. Nosso papel como embaixadores do Reino é sermos fiéis à mensagem original, sem diluí-la.
O verdadeiro Evangelho confronta o pecado, exalta a soberania de Deus, e chama o pecador ao arrependimento. Não se trata de agradar, mas de transformar. Não é uma promessa de vida fácil, mas de vida eterna. Não promete ausência de lutas, mas presença garantida de Cristo.
Por isso, antes de sair falando, precisamos conhecer bem a mensagem que pregamos. Mergulhe na Palavra, ore por discernimento e peça ao Espírito Santo que te ajude a proclamar a verdade com graça e ousadia.
4. O Campo da Missão — A Quem Devemos Alcançar?
Jesus foi direto: “Fazei discípulos de todas as nações…” (Mateus 28:19). A missão não tem fronteiras. O campo é o mundo inteiro. Todo ser humano, de qualquer raça, cultura ou posição social, precisa ouvir o Evangelho. Não podemos escolher para quem vamos pregar — a ordem é clara: TODOS.
O termo “nações” no original grego é ethnos, que se refere a povos, etnias e culturas, não necessariamente países com bandeiras. Há grupos que nunca ouviram falar de Jesus. Tribos sem Bíblia traduzida. Povos que vivem sob regimes que proíbem o Evangelho. Eles também fazem parte da Grande Comissão.
Mas não precisamos cruzar oceanos para cumprir nossa missão. O campo começa ao nosso redor: vizinhos, colegas de trabalho, familiares, desconhecidos nas ruas. Quantas pessoas ao seu redor vivem sem Cristo, sem esperança, sem salvação? O campo é vasto — e a colheita é urgente.
Jesus disse: “A seara é grande, mas poucos são os trabalhadores” (Mateus 9:37). Precisamos deixar a indiferença e o comodismo. Muitos estão esperando por uma palavra, um convite, um gesto de amor. Alguém um dia falou de Jesus pra você. Agora é sua vez.
Não olhe para ninguém como um caso perdido. Até o mais endurecido pode ser alcançado pela graça. O Evangelho é o poder de Deus para salvar todo aquele que crê (Romanos 1:16).
5. Discipulado — Formando Vidas e Não Apenas Conversões
Jesus não mandou apenas pregar, mas também fazer discípulos (Mateus 28:19). A missão não termina quando alguém levanta a mão num apelo ou aceita Jesus. Na verdade, ali é apenas o começo. O alvo da Grande Comissão é formar seguidores autênticos, que neguem a si mesmos, tomem a cruz e vivam para Cristo.
O discipulado é o processo de ensinar, caminhar junto, corrigir, encorajar e moldar o caráter à semelhança de Jesus. Ele exige tempo, paciência, compromisso e amor. Não é algo automático. Jesus andou três anos com seus discípulos, investindo neles diariamente. Ele ensinava com palavras e com o exemplo.
A igreja atual tem muitas conversões, mas poucos discípulos. Muitos frequentam cultos, mas poucos vivem como seguidores de verdade. A falta de discipulado gera cristãos imaturos, frágeis diante das tentações, influenciáveis por doutrinas erradas e desanimados diante das lutas.
Por isso, a Grande Comissão inclui: “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28:20). Ensinar não é apenas informar, mas formar. E guardar significa obedecer. O verdadeiro discípulo não é aquele que ouve, mas o que vive o que aprendeu (Tiago 1:22).
Se você já está caminhando com Cristo, olhe ao seu redor: há alguém que você pode discipular? Se você é novo na fé, busque alguém maduro para te ajudar nessa caminhada. O discipulado é uma via de mão dupla: todos somos ensináveis e ensinadores.
6. A Promessa Que Sustenta a Missão — “Eis que estou convosco”
Jesus conclui a Grande Comissão com uma promessa que é o alicerce da missão: “E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mateus 28:20). Que palavra gloriosa! A missão é grande, o desafio é imenso, mas nunca estamos sozinhos.
Essa promessa de presença contínua é mais do que consolo; é capacitação. Jesus não diz: “Boa sorte, façam o melhor que puderem”. Ele diz: “Eu estarei com vocês em cada passo”. Essa é a diferença entre um ativismo religioso e uma missão feita no poder e na direção do Mestre.
Ele está presente quando falamos de Cristo a um desconhecido. Está conosco quando enfrentamos rejeição. Está ao nosso lado quando ensinamos, consolamos, corrigimos, discipulamos. Ele caminha conosco em cada bairro, comunidade, cidade ou nação. É a presença de Jesus que nos fortalece quando o cansaço chega e nos levanta quando o medo tenta nos paralisar.
Além disso, essa promessa aponta para o fim: “…até a consumação dos séculos”. Isso nos lembra que um dia a missão se encerrará. Jesus voltará, e todo joelho se dobrará diante dEle. Até lá, seguimos — não apenas por dever, mas por amor. Por Ele estarmos com Ele, vivemos para Ele, e anunciamos Ele.
A Grande Comissão não é um projeto de alguns, mas a missão de todos os discípulos. Se você é de Cristo, você tem um chamado. E se Ele te chamou, Ele também vai te sustentar.
Que esta série tenha renovado seu compromisso com a missão. E que você viva cada dia com os olhos no céu, os pés na missão e o coração ardendo por almas.
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