O 5º DIA DA CRIAÇÃO: O DIA DOS PEIXES E DAS AVES

POR RODRIGO HENRIQUE

Aves voando acima do mar enquanto baleia se movimenta por perto.
No magnífico relato do livro de Gênesis, somos levados a contemplar o poder criativo de Deus, que, no quinto dia, concedeu às águas a capacidade de gerar vida, inaugurando assim a diversidade de criaturas que habitam os mares e os céus.

É neste contexto que surge o intrigante enigma das "grandes criaturas marinhas", tema que tem causado interpretações e traduções diversas ao longo dos tempos. Passemos, pois, à análise.

TEXTO BASE


Gênesis 1.20-23

²⁰ E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus. ²¹ E Deus criou os grandes animais aquáticos, e todo réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies, e toda ave de asas conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. ²² E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra. ²³ E foi a tarde e a manhã: o dia quinto.

PRODUZAM AS ÁGUAS


No quinto dia de sua obra criadora, Deus, pela primeira vez, criara os primeiros animais. Algo que chama a atenção no texto bíblico é o fato de Deus ordenar às águas que viessem a produzir vida, ainda que as águas, por si próprias, não tenham a capacidade da geração espontânea. 

Neste sentido, as águas só produziram vida em razão do poder da majestosa Palavra de Deus, ainda que o texto não nos tenha contado "como as águas colaboraram com o Criador".¹ Assim, "as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies, e toda ave de asas conforme a sua espécie."

GRANDES ANIMAIS AQUÁTICOS


O texto bíblico nos mostra que Deus ordenou às águas que produzissem répteis de alma vivente e, em seguida, declara que Deus criou os "grandes animais aquáticos..." (Gn 1.21), expressão que tem dado dor de cabeça aos intérpretes e tradutores.

Na realidade, as versões bíblicas têm entrado em divergência quanto a melhor tradução. As Edições Almeida Revista e Corrigida (ARC) e Almeida Corrigida Fiel (ACF), por exemplo, utilizam a expressão "grandes baleias". 

Porém, outras versões de Almeida, tais como a Revista e Atualizada (ARA) e Nova Almeida Atualizada (NAA), bem como a Nova Versão Transformadora (NVT), Nova Versão Internacional (NVI) e também O Livro (OL) optaram pela expressão "grandes criaturas marinhas" ou aquáticas. 

Enquanto a Sociedade Bíblica Britânica (TB), Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH), Versão Católica (VC), e Almeida Revisada Imprensa Bíblica (AA) preferiram a expressão "grandes monstros do mar" ou monstros marinhos. 

Observa-se, portanto, a dificuldade que os estudiosos têm de chegar a um consenso acerca do que o texto bíblico está tratando ao se referir a estes grandes animais.

Essas criaturas do mar, segundo John MacArthur, incluindo as de tamanho extraordinário, abrangiam todos os tipos de peixes e mamíferos, até mesmo dinossauros.² Augustus Nicodemus observa que alguns pensam na hipótese dos dinossauros, mas o texto pode se referir a baleias, tubarões ou mesmo o monstro chamado de Leviatã.

Neste sentido, tendo em vista a vasta aplicação do substantivo utilizado no texto original em hebraico, é mais seguro optar pela expressão "grandes criaturas marinhas". O que deve ser ressaltado, no entanto, é que Deus é o criador de tudo quanto há, quer seja nos céus, na terra ou no mar. A Ele, pois, a glória e o domínio pelos séculos eternos!

E DEUS OS ABENÇOOU


Esta é a primeira vez que o verbo "abençoar" (heb. barak - בָרַךְ) aparece na Bíblia. Seu significado básico é "ajoelhar, abençoar e bendizer", isso porque o verbo é derivado do substantivo joelho e, portanto, talvez sugira o dobrar dos joelhos durante a benção. 

Neste caso, a benção consistia na capacidade de os animais se multiplicarem e reproduzirem. Observe o(a) leitor(a) que a benção parte daquele que é maior para com o menor. Ressalta-se tal fato porque há muita confusão no que diz respeito às bênçãos e maldições.

Alguns, por exemplo, minimizam o significado como se abençoar ou amaldiçoar fossem atos tão somente de "falar bem ou falar mal" acerca de algo ou alguém, não tendo, portanto, nenhuma capacidade de surtir qualquer efeito em relação ao que foi proferido. 

No entanto, não é assim que observamos na Escritura, mas atente-se para o fato de que só o que é maior pode abençoar ou amaldiçoar o menor. Por exemplo, Deus pode abençoar a tudo e a todos, porquanto tem autoridade para isso; assim também os pais em relação aos filhos, porquanto têm autoridade concedida por Deus para tal; ou mesmo um sacerdote em relação a outro homem.

Acerca deste último exemplo, lembremo-nos do sacerdote Melquisedeque, que abençoou ao patriarca Abraão: "Mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles tomou dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior" - Hebreus 7.6,7

Porém, não se trata de nosso objetivo aprofundarmos este assunto no momento. Apenas observe que quem é maior possui autoridade (dada por Deus) para abençoar o que é menor e que bênçãos e maldições não são simplesmente palavras sem eficácia alguma, porquanto produzem, sim, resultados (em relação ao que tem fé).

Aprofundaremos este assunto em tempo oportuno, mas, caso queira, comece a meditar nas bênçãos de Jacó para com seus filhos em Gênesis cap. 49; observe também a maldição que Jesus proferiu contra a figueira, fazendo com que ela se secasse por completo em Marcos cap. 11, versos 21 a 26.

CONCLUSÃO


Ao observarmos a bênção divina sobre esses seres, vemos não apenas a capacidade de multiplicação, mas também a manifestação da autoridade do Criador sobre toda a criação. As águas, que obedeceram à voz de Deus, são testemunhas da sua soberania e domínio.

Que possamos, portanto, contemplar e meditar sobre a grandiosidade da criação, reconhecendo sempre a suprema autoridade e poder de Deus sobre todas as coisas.

Christo Nihil Praeponere - “A nada dar mais valor que a Cristo”

FONTE


¹ LIVINGSTON, George Herbert. Comentário Bíblico Beacon, Vol 1. CPAD, p. 33.

² MACARTHUR, Jhon. Comentário Bíblico MacArthur - Gênesis a Apocalipse. Thomas Nelson, p. 53.

BÍBLIA de Estudo Cronológica. CPAD, 2021.

BÍBLIA de Estudo Palavras Chave. CPAD, 2020.

LIVINGSTON, George H. Comentário Bíblico Beacon - Gênesis a Deuteronômio. CPAD, Vol 1.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis - O Livro das Origens. Hagnos, 2021.

LOURENÇO, Adauto. Gênesis 1 & 2. Fiel, 2011.

MACARTHUR, Jhon. Comentário Bíblico MacArthur - Gênesis a Apocalipse. Thomas Nelson.

NICODEMUS, Augustus. No Princípio de Tudo. Vida Nova, 2022.

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