O 4º DIA DA CRIAÇÃO: LUMINARES COMO INDICADORES PROFÉTICOS

POR RODRIGO HENRIQUE

Nebulosa de Órion
No relato do Gênesis, Moisés nos apresenta uma narrativa impactante da criação dos luminares, destacando o papel que desempenham na separação do dia e da noite.

Ao analisarmos este trecho específico, é crucial compreendermos o contexto histórico em que os israelitas, recém-libertos do Egito, absorveram a mensagem. Nesse período, o paganismo prevalecente adorava o Sol, a Lua e as estrelas como deidades.

Ao afirmar que Deus é o criador desses luminares, Moisés não apenas nos fornece uma visão cósmica, mas também lança um golpe significativo no paganismo, enfatizando a supremacia de YHWH (Jeová) sobre os deuses do Egito e da Mesopotâmia.

Passemos, pois, à análise.

TEXTO BASE


Gênesis 1.14-19

¹⁴ E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. ¹⁵ E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi. ¹⁶ E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas. ¹⁷ E Deus os pôs na expansão dos céus para alumiar a terra, ¹⁸ e para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que era bom. ¹⁹ E foi a tarde e a manhã: o dia quarto. 

GOLPE NO PAGANISMO


Antes de passarmos adiante é interessante mencionar -- mais uma vez -- que os primeiros leitores do Gênesis foram os israelitas que haviam acabado de sair de um longo período de escravidão no Egito. Isto é importante porque os egípcios eram politeístas e adoravam vários deuses, entre eles o Sol.

Além disso, antes de o povo de Israel surgir, seus pais (Tera, Abrão e Naor) adoravam a Lua na cidade de Ur dos Caldeus. O nome de Sarai, em caldeu, também possui relação com o deus Lua, enquanto o nome de Abrão indica que ele era um astrólogo. Estudaremos isso com mais profundidade quando chegarmos ao capítulo 12.

O importante, agora, é que os irmãos compreendam que naquela época e contexto, o Sol, Lua e estrelas eram considerados deuses pelos gentios. Assim sendo, quando Moisés escreveu que tais luminares foram criação do único e verdadeiro Deus, os israelitas aprenderam que YHWH (Jeová) era maior que todos os deuses da Mesopotâmia e do Egito.

Livingston comenta que na narrativa da criação o luminar maior e o luminar menor nem mesmo são nomeados e, em poucas sentenças hábeis, Moisés descreve que as estrelas também não receberam mais do que uma menção honrosa. Que golpe contra o paganismo!¹

Vejamos, portanto, quais são os propósitos para os quais Deus os criara.

PARA SINAIS


O verbo "avah" (אָוָה) é uma palavra hebraica que significa "assinar, marcar e/ou apontar" alguma coisa. Isto precisa ser destacado porque essa palavra é que dá origem ao substantivo "sinal" (heb. oth - אוֹת), cujo significado implica em "sinal para marcar, apontar, pressagiar ou evidenciar" alguma coisa.

Neste sentido, Deus criou o Sol, Lua e as estrelas para servirem como sinais, isto é, como presságios e apontamentos para determinados acontecimentos ou tempos específicos. Jeremias menciona que estes sinais nos céus são motivo de temor para as nações, mas o povo de Deus não deveria se espantar com eles (Jr 10.2).

Observemos, por exemplo, a profecia de Balaão acerca da vinda do Messias. Nela, uma estrela serviria de sinal: 

"Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel..." - Números 24.17

Isto veio a se cumprir aproximadamente 1440 anos depois, quando os magos (astrólogos) do Oriente vieram ter com Jesus, seguindo uma estrela que os guiava dos céus: 

"E, tendo nascido Jesus em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo" - Mateus 2.1,2

No que se refere ao fim dos tempos e à volta de Jesus, a Bíblia igualmente afirma que haverá sinais no Sol, Lua e estrelas de modo que marcarão, apontarão e servirão de presságio em relação a este grande evento (Lc 21.25-28).  

Também, acerca do batismo com o Espírito Santo, resta cumprir determinados sinais que antecederão o grande e terrível dia do Senhor: 

"E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, e nos restantes que o Senhor chamar" - Joel 2.30-32

Nosso Senhor Jesus também citou este fato futuro em sua profecia registrada no evangelho segundo Mateus: 

"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" - Mateus 24.29,30

O apóstolo João, no livro do Apocalipse, escreveu que tais acontecimentos estão relacionados, também, à quarta trombeta (Ap 8.12,13).

Faz-se necessário, portanto, nos atentarmos para o fato de que no 4º dia da história do Universo, Deus criou o Sol, a Lua e as estrelas com o propósito de servirem -- entre outros -- para sinais. Como vimos, tais sinais são motivo de terror e medo para as nações, mas para a Igreja são presságios de que o tempo está próximo. 

Fato interessante são as chamadas "manchas solares", que são áreas temporariamente mais frias e menos luminosas na superfície do Sol, causadas por mudanças no campo magnético solar. Tais manchas são assim chamadas porque aparecem como pontos escuros no sol.

Algumas delas foram observadas no dia 14 de outubro de 2023 por câmeras que filmavam o eclipse solar anular. Veja na imagem abaixo uma dessas manchas localizadas à esquerda. 

Mancha Solar Vista Durante Eclipse
A princípio pode parecer algo insignificante, mas pouco tempo depois, entre os dias 4 e 5 de dezembro, uma mancha solar gigantesca apareceu na superfície do Sol. Sua extensão foi calculada em cerca de 800 mil quilômetros, o que daria, aproximadamente, o tamanho de 60 Terras. Veja na imagem² a seguir: 

Mancha Solar Vista Durante Eclipse
Imagine como seria a terça parte do sol com uma mancha solar muito mais escura que esta... Desse modo, vigiemos e estejamos sempre atentos aos sinais que Deus tem nos mostrado e revelado por meio de sua obra criada. 

PARA TEMPOS, DIAS E ANOS


Com relação a estes propósitos não há necessidade de muita dizer, haja vista ser algo muito claro para todos nós. Além de servir para sinais, os luminares foram criados para marcarem o dia, a noite, as estações e os anos. 

Isto é evidenciado pelos movimentos de rotação e translação da Terra, que ocorrem simultaneamente. O primeiro refere-se ao giro da Terra em torno do seu próprio eixo, que leva aproximadamente 24 horas, resultando no ciclo noite-dia. 

Quanto a este último, trata-se do movimento orbital da Terra ao redor do Sol, completando uma órbita em cerca de 365, 25 dias, originando as estações (tempos determinados) do ano. Em síntese, a rotação provoca o ciclo diário, enquanto a translação determina as estações ao longo do ano.

CONCLUSÃO


Ao examinarmos a finalidade dos luminares, percebemos que vão além de simples fontes de luz no céu. Deus também os designou como sinais, marcadores e presságios para orientar a humanidade em tempos específicos.

Desde a profecia de Balaão sobre a vinda do Messias até as advertências de Jesus e João, os céus têm desempenhado um papel crucial na comunicação divina. A atenção aos sinais celestiais, portanto, não só gera temor nas nações, mas para a Igreja, são indicadores de que o tempo está próximo.

Diante dessa perspectiva, a observação atenta dos sinais que Deus revela através da criação torna-se uma exortação para a vigilância constante da Igreja, especialmente nos dias que precedem eventos significativos do plano divino. 

Christo Nihil Praeponere - “A nada dar mais valor que a Cristo”

FONTE


¹ LIVINGSTON, George H. Comentário Bíblico Beacon - Gênesis a Deuteronômio. CPAD, Vol 1, p. 32 e 33.

BÍBLIA de Estudo Cronológica. CPAD, 2021.

BÍBLIA de Estudo Palavras Chave. CPAD, 2020.

LIVINGSTON, George H. Comentário Bíblico Beacon - Gênesis a Deuteronômio. CPAD, Vol 1.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis - O Livro das Origens. Hagnos, 2021.

LOURENÇO, Adauto. Gênesis 1 & 2. Fiel, 2011.

NICODEMUS, Augustus. No Princípio de Tudo. Vida Nova, 2022.

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