EXPOSIÇÃO DA EPÍSTOLA AOS GÁLATAS 3:1-14

POR LUCAS NUNES
EXPOSIÇÃO DA EPÍSTOLA AOS GÁLATAS 3:1-14

Paz do Senhor Jesus irmãos. O capítulo 3 dá sequência ao tema da justificação, que começou a ser abordado a partir do verso 16 do capítulo 2.
 
Tendo exposto que se a justiça que o homem alcança é pela lei e que se assim fosse, Jesus teria morrido em vão, Paulo inicia o capítulo 3 com certa indignação: “Ó insensatos gálatas!” ou seja: Ó gálatas, vocês ainda não entenderam? Cristo já foi representado, foi exposto, retratado a vocês, e na sua cruz encontramos a justificação. “Quem vos fascinou para não obedecerdes a essa verdade?” É como se alguém houvesse lançado um feitiço sobre os gálatas. Quem vos fascinou? Quem vos enfeitiçou? Quem fechou os vossos olhos para não entenderem que é o sacrifício da Jesus na cruz que nos justifica?
 
Me digam uma coisa: vocês receberam o Espírito Santo praticando as obras da lei? Ou vocês receberam o Espírito Santo pela fé na pregação do Evangelho? (v.2)
 
Como é que vocês podem ter tão pouco juízo? Receberam o Espírito pela fé na mensagem da cruz e agora estão trocando pela fé nas suas próprias forças? Começaram no Espírito e vão terminar na carne? É isso mesmo? Quanto insensatez! (v.3) Será que as coisas pelas quais vocês passaram foi em vão? Chegaram até aqui no poder do Espírito, vencendo as lutas pela fé... isso não serviu pra nada?!  (v.4)
    
A operação do Espírito Santo, as maravilhas e sinais que ele faz no meio de vocês é por que vocês guardaram a lei ou foi por que ouviram o Evangelho e creram nele? (v.5)
 
Para todas essas perguntas, Paulo já sabia que os gálatas tinham a resposta. O Espírito Santo foi derramado sobre a vida dos gálatas pela fé. E esse mesmo Espírito não apenas operou, mas continua operando maravilhas com base na fé dos gálatas.

Vocês querem ver como a justificação é relacionada à fé e não às obras? Vejamos o caso de Abraão. Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça. A imputação, que é o crédito colocado na conta de um devedor, é por fé, e não por algo que esse devedor faz. Em Gênesis 15:6, quando Abraão é declarado justo, é pelo motivo de que ele creu. Tanto é assim, que apenas 14 anos depois, em Gênesis 17:10, é que Deus estabelece o pacto da circuncisão com Abraão, e após 430 anos é entregue a lei, conforme veremos no verso 17. 

Assim, a justiça se recebe pela fé, quando cremos. Não quando fazemos algo! A justificação de Abraão veio pela fé antes da circuncisão e da lei. E tem mais! Quando cremos, não apenas recebemos a justiça de Cristo, mas nos tornamos filhos de Abraão (v.7), pois em Gênesis, capítulo 12, verso 3, Deus diz a Abrão: “...em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Vejam, meus irmãos, que esse evangelho foi primeiro anunciado a Abraão (v.8): um evangelho que anuncia como somos declarados justos aos olhos de Deus e nos tornamos parte de sua família. Por causa da nossa natureza de pecado, não éramos justos. Não pertencíamos à família de Deus.
Mas pela fé, fomos justificados. Pela fé, fomos adotados. Justificação e adoção são bases doutrinárias do cristianismo.

Portanto, os que são da fé, são benditos como o crente Abraão (v.9). O crente Abraão é bendito aos olhos de Deus, assim como todo aquele que crê é bendito.

Percebam a relação entre o “ser declarado justo” com o “ser filho” e “ser declarado bendito”. Quem é justificado, é filho bendito. É um filho abençoado. É isso que, pela fé, somos: herdeiros das bênçãos de Deus.

Porém, aqueles que creem que seus esforços em guardar a lei é que os tornam justos, filhos e benditos, esses mesmos estão debaixo de maldição, porque está escrito: “maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei” (v.10).

Lendo rapidamente essa passagem, pode parecer um certo exagero que alguém que descumpra alguns poucos preceitos da lei seja considerado um maldito por Deus. Quanto rigor! Quanta dureza! Mas, é exatamente isso que nos leva a uma maior compreensão de quem Deus é. Nosso Deus é um Deus Santo, Santo, Santo. Nele não há uma mínima mancha. Ele é completamente justo. Justiça e verdade são a base do seu trono.

Entendendo isso, podemos adorar a Ele, pois como cidadãos somos sujeitos a juízes humanos que nem mesmo cumprem aquilo que condenam os outros. Mas temos no céu um Deus justo que é tão puro de olhos que injustiça não pode comtemplar. Nosso Deus é um juiz justo, aleluia! E esse Deus justo determinou um dia certo em que virá para estabelecer seu reino de justiça na terra. Céus e terra poderão passar, mas sua palavra permanecerá. Ele é fiel e vai cumprir essa promessa!

Portanto, esse Deus justo exige que toda a lei seja cumprida para que alguém seja considerado justo aos Seus olhos. Por isso que “pela lei, ninguém será justificado diante de Deus” (v.11), pois todos nós nascemos em pecado, já pecamos e continuamos a ser pecadores. É por isso que o “justo viverá pela fé”. Tiago 2:10 nos diz que: “...qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos”. Que justiça inalcançável. Podemos exclamar junto ao salmo 24 então: “Quem subirá ao monte do Senhor ou quem estará no seu lugar santo?”

A lei não é da fé, mas o homem que fizer estas coisas por elas viverá (v.12). Mas quem consegue cumprir tudo isso? Nenhum de nós. Miseráveis homens que somos. Mas graças a Deus por Jesus Cristo, que nos “...resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Dt 21:23).

Jesus veio ao mundo e cumpriu toda a lei de Deus. Porém, ele foi pendurado no madeiro. O justo filho bendito foi pendurado no madeiro pelos homens injustamente. E a lei de Deus diz que aquele que for pendurado no madeiro é maldito. 

Vejam, meus irmãos, que o justo filho bendito se fez maldição por nós. Ele quis isso. O eterno Filho de Deus aceitou vir ao mundo, esvaziou-se da sua glória bendita para se fazer maldito em nosso lugar, e assim sofrer o castigo que nos traz a paz. Ele sofreu o castigo que nos traz a paz. O castigo que nos traz a justificação. O castigo que nos traz a adoção à família de Deus. 

Como resultado, a bênção não é restrita apenas aos filhos biológicos de Abraão, pois Jesus é descendente biológico de Abraão, e se estamos ligados a Jesus pela fé, somos também filhos de Abraão, e benditos com o pai Abraão, e agora dignos de receber a promessa de Deus: Seu Espírito Santo (v.14).

Que maravilha, aquele que é justo filho bendito se fez maldito e foi condenado, para que nós pudéssemos ser justificados, filhos e abençoados. A primeira bênção é a presença do Espírito em nossa vida. É o Deus eterno, criador do universo, vindo habitar no nosso singelo corpo para nos conduzir à terra prometida, a morada eterna que nos aguarda. Amém. 

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