GRAÇA E FÉ: UMA EXPOSIÇÃO DE EFÉSIOS 2:1-9

POR LUCAS NUNES GRAÇA E FÉ: UMA EXPOSIÇÃO DE EFÉSIOS 2:1-9


“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus." Ef 2.1-9


Acredito que esse seja um dos textos mais conhecidos a respeito de graça e fé. Portanto, vamos expor um pouco daquilo que Deus nos ensina nessa passagem. Que o Espírito Santo nos acompanhe nas linhas a seguir.


FILHOS DA IRA?


Para entendermos “graça”, precisamos saber quem realmente somos e qual o real estado da humanidade desde o nascimento. Na parte final do versículo 3, é revelado o estado original das pessoas desde a concepção: filhos da ira. Forte, não é? Será que é isso mesmo? Somos tão ruins assim?


Exatamente. Por mais difícil que possa ser aceitar, essa é a verdade. Sem ela, não há sentido para a graça. Graça é um presente, uma dádiva dada a alguém que não merece. Se a humanidade nascesse em bondade, não haveria necessidade da graça, pois o bom não precisa de misericórdia, mas o mau – o filho da ira.


Desde que Adão e Eva pecaram, o pecado entrou no mundo, trazendo morte a todos os seres. A isso se chama “pecado original”. Ele faz com que todos que nasçam tenham uma pré-disposição a realizar atos que não agradam a Deus, sob a influência do inimigo: “em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência”, “andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.


Que coisa terrível é o pecado. Quando houve desobediência a Deus, a natureza humana foi corrompida, perdendo a glória do eterno para a miséria do temporal. 


Não seria mais possível um Deus santo, santo, santo, conviver juntamente com seres em pecado. Pensando em uma analogia, seria algo como tentarmos encostar no fogo. Nossa natureza não suporta o contato com o fogo. Da mesma forma, nosso pecado não nos possibilita aproximarmos de Deus. Esse afastamento resultou em morte para a humanidade.

Mas lemos que Deus nos vivificou (v.1), aleluia!



DEUS NOS DEU VIDA EM JESUS


Quando? Quando estávamos mortos em ofensas e pecados, desobedecendo e fazendo aquilo que mandavam nossos desejos carnais. 


Aqui começamos a ver a graça de Deus. O Deus que é riquíssimo em misericórdia e amor (v.4) estende a mão aos filhos da ira para trazê-los de volta à glória da eternidade. A morte e a temporalidade encontram a vida eterna! 


Como se deu isso? Como Deus trouxe novamente vida eterna à humanidade? Como Ele nos vivificou? "...juntamente com Cristo...”


Cristo Jesus, nosso Deus. O Verbo eterno que se fez carne e habitou entre nós, nascendo de uma virgem pela operação do Espírito Santo, para que a natureza de filho da ira não fosse por Ele herdada de Adão e Eva. “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4), “O povo que andava em trevas viu uma grande luz...” (Is 9.2).


Dentro de um filho da ira que andava na escuridão da morte estava sendo plantada naquele instante temporal, pelo Espírito Santo, a semente do Eterno. Isso é graça, meus irmãos! Graça! “E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31).


Esse Jesus que nasceu, cresceu, realizou seu trabalho em obediência a Deus Pai, entregou a vida como oferta pelo pecado da humanidade. Entre outras coisas, a morte de Jesus nos mostra como realmente somos filhos da ira. Jesus não apenas morreu, mas padeceu muito antes de expirar, suportando todas as injustiças dos homens como uma ovelha muda, por amor ao Pai, por amor a nós, para nos revelar o quanto somos maus. 


Jesus foi crucificado, sofrendo uma terrível morte. Mas a pior dor foi de ter Sua comunhão com o Pai quebrada: “...Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Jesus estava levando em Seu corpo o pecado da humanidade (1 Pe 2.24), sofrendo a ira do Pai por ser um maldito: “Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.” (Gl 3.13).


Podemos não nos considerarmos tão maus, mas quando olhamos para Jesus se entregando aos homens para ser perseguido, cuspido, açoitado, insultado, preso, perfurado e crucificado (mesmo sendo o criador do mundo), percebemos que nosso padrão de moralidade é muito pequeno.


Alguém pode pensar, por exemplo: “meu pecado não é tão grave quanto ao de um assassino”. A bíblia nos responde que “...todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus...” (Rm 3.23). Logo, há diferentes consequências civis para os pecados que cometemos. Mas estamos tratando aqui com um Deus três vezes santo, que é tão puro de olhos que não pode ver o mal. 


Nosso padrão de moralidade é infinitamente inferior ao de Deus, e só podemos perceber isso ao olhar pra cruz! 


Jesus não veio ao mundo para morrer apenas pelos assassinos ou ladrões. Vai muito mais além disso. Jesus veio à cruz para sofrer a ira que Deus descarregaria sobre mim e sobre você. A ira de Deus que seria descarregada sobre o mentiroso, adúltero, roubador, idólatra, foi descarregada em Jesus. 


O único ser humano sem pecado sofreu a ira de Deus pelos pecados dos homens. 


Jesus então morreu, mas ao terceiro dia “...Deus o ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela.” (At 2.24). Não era possível que um justo sem pecado recebesse a pena da morte, pois isso contrariaria a Justiça de Deus. Nosso Deus é Santo, Justo, mas também é Amor.


Se Deus simplesmente resolvesse trazer de volta à eternidade o homem e a mulher pecadores, isso seria contrário à Sua Justiça. A maravilha do Evangelho é que Deus permanece justo por punir o pecado, mas permanece amor por dar ao mundo Seu filho em carne para sofrer a ira em nosso lugar. Bendito Deus imutável. Deus de santidade. Deus de justiça. Deus de amor! “...riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor...” (v.4).


Ao ressuscitar Jesus, Deus Pai assim lhe diz: “Assenta-te à minha direita...” (Sl 110). Jesus, o Verbo Eterno em carne, está assentado à destra de Deus Pai. “...nos vivificou juntamente com Cristo...” (v.4). “...nos ressuscitou juntamente com ele...” (v.6).


Se a mensagem até então era de que os seres humanos são filhos da ira, pecadores que estão destituídos da glória de Deus, agora surge uma boa nova – o Evangelho: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça...” (Rm 3.24-25).


Percebam, meus irmãos, que tudo já foi feito por Deus. Isso é graça. Não há participação humana em nenhum lugar. Por isso que o v. 9 diz: “Não vem de obras, para que ninguém se glorie”.




A humanidade até então caminhando condenada para a morte se depara com a boa notícia de que há justificação de graça através de Jesus. 


E é aqui que entra a fé. A fé é o elemento que insere a pessoa nessa graça: “...pela graça sois salvos, por meio da fé...” (v.8). “Por meio dela”, “através da fé” ou “mediante a fé”. A fé é o caminho que nos liga à graça da salvação. 


Por isso a epístola aos Efésios é tão enfática na questão da posição daquele que crê: “...nos elegeu nele...” (1.4), “...nos predestinou...por Jesus Cristo...” (1.5), “...no Amado...” (1.6), “...Em quem temos a redenção...” (1.7), “nele, digo, em quem também fomos feitos herança...” (1.11), “em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação...” (1.13), “...nos vivificou juntamente com Cristo...” (2.5), “e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (2.6), “para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus” (2.7).


Portanto, a fé nas boas novas do Evangelho insere alguém a essa graça - ao corpo de Cristo. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Por que, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressureição”. (Rm 6.4-5)


Como membros do corpo de Cristo, podemos ter a certeza de que as bênçãos dadas a Ele na ressurreição, vida eterna, e no assentar nos lugares celestiais são extensíveis a nós, pois se Ele já as possui, e nós estamos Nele, logo essas bênçãos também são nossas pela fé. 


Pela fé, já recebemos a bênção de uma nova vida gerada pelo Espírito Santo. Mas na vinda de Jesus receberemos a bênção completa: um novo corpo (glorificado) para nos assentarmos nos lugares celestiais e oferecermos ao Deus trino nosso louvor e adoração por essa graça que nos alcançou. Amém.


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