DÍZIMO

POR ÁLVARO OSTROSKI
DÍZIMO

I - O QUE É DÍZIMO?

No contexto social atual é a décima parte dos seus ganhos, ou seja, 10% do seu salário.

Em contextos sociais antigos essa prática era diferente, veremos como isso ocorria no decorrer deste estudo.


II - OBJETIVO DO ESTUDO

Queremos por meio deste estudo ser fiéis a interpretação bíblica, levando em conta os contextos e apresentar:

1. Como se iniciou a prática do dízimo na Bíblia
2. Qual o princípio do dízimo
3. Como no período da Lei se lidava com o dízimo
4. Como Jesus lidou com o dízimo
5. Como nós devemos encarar o dízimo no tempo da Graça


III - INÍCIO DO DÍZIMO NA BÍBLIA

A figura do dízimo se inicia com Abraão, que ainda se chamava Abrão - "E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo" Gênesis 14:20

Lendo todo contexto desta passagem percebemos duas coisas:

1. Que Abrão deu o dízimo por gratidão. Esse é um princípio muito importante que ficará mais claro no Novo Testamento.

2. A figura do dízimo se iniciou antes do tempo da Lei, isto é, mais de 400 anos antes de Deus dar a Lei do Antigo Testamento a Moisés já existia a figura do dízimo.


IV - A LEI E O DÍZIMO 

Na lei dada a Moisés, que repetindo é posterior a Abraão, Deus ordenou que: "Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor" Levítico 27:30

Verificamos que o dízimo no período da Lei servia para mantimento dos Levitas (sacerdotes) e manutenção do Templo - "Dou aos levitas todos os dízimos em Israel como retribuição pelo trabalho que fazem ao servirem na Tenda do Encontro" Números 18:21 (versão NVI)

Observação: No tempo do Antigo Testamento a sociedade era agropastoril, desta forma o dízimo era dado por meio dos frutos da terra, obviamente que em nossos dias o sistema social é diferente e se formos dizimar será de acordo com o sistema social atual, que no caso é dirigido pelo dinheiro.


V - JESUS E O DÍZIMO 


Jesus tratando com os religiosos de sua época diz: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" Mateus 23:23     
         
Perceba que os religiosos eram muito zelosos com relação ao dízimo, sendo meticulosos ao entregarem o dízimo exato até das menores sementes. Jesus não manda eles cessarem de dar o dízimo, mas mostra que Deus não estava somente interessado em valores materiais.

Nos tempos de Jesus se instituiu no Templo de Jerusalém um imposto que era pago anualmente pelos homens judeus com mais de 20 anos de idade e servia para a manutenção daquele local. Tal imposto, podemos dizer, era uma versão do dízimo instituído pela Lei de Moisés e vemos Jesus cumprindo a Lei quando paga o imposto (Mateus 17:24-27). 

Com isso concluímos que Jesus não faz uma abolição da prática do dízimo, contudo precisamos entender que Jesus viveu no Tempo da Lei, pois o Novo Testamento e consequentemente o Tempo da Graça veio depois da morte de Jesus (Mateus 26:28). 

A questão

Desta forma a pergunta é: O dízimo é válido para o Tempo da Graça (Igreja)?


VI - A IGREJA E O DÍZIMO

Nem em Atos e em nenhuma das Cartas Apostólicas é registrado o termo dízimo como o era no Antigo Testamento, porém temos sim base no Novo Testamento para dizer que o dízimo ou pelo menos contribuições semelhantes ao dízimo devem ser dadas pelo servo de Deus no dias atuais.

Vejamos:

1. O Novo Testamento mostra que o cristão vai contribuir generosamente 

"E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha" Atos 4:32-35

"Quanto à administração que se faz a favor dos santos, não necessito escrever-vos, - "administração" entenda coleta de recursos - ... cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria ... " 2 Coríntios Capítulo 9

2. Apesar de não constar o termo dízimo, o Novo Testamento recomenda ter o compromisso de ofertar "conforme a sua prosperidade"

"Ora, quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar" 1 Coríntios 16:1,2

A questão

De quanto será essa quantia "conforme a sua prosperidade"?

Como já demonstramos até agora, o Novo Testamento não tem uma normativa em percentual do que o cristão deve ofertar ou dizimar, mas olhando para o Antigo Testamento, tanto no tempo da Lei quando antes da Lei, como é o caso de Abraão, percebemos que Deus possuía um padrão que é de 10 % que pode servir de base para a expressão "conforme a sua prosperidade".

3. No Antigo Testamento o dízimo servia para o sustento dos Levitas e manutenção da casa do SENHOR. No Novo Testamento a contribuição, oferta ou dízimo serve para a mesma coisa, por isso deve haver regularidade do cristão nas contribuições, veja:

a) Paulo demonstra que aquele que se dedica integralmente a causa do evangelho, pode ser sustentado pela igreja, assim como os Levitas eram no Antigo Testamento - "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário" 1 Timóteo 5:17,18 - a questão é: se não houver contribuição regular dos cristãos como isso pode ocorrer?

b) O próprio Paulo recebia muitas vezes ajuda financeira para seu sustento e para a obra de levar o evangelho - "Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado" 2 Coríntios 11:8 

c) Nos primeiros anos da igreja primitiva (quando o texto bíblico terminou de ser escrito) os cristãos se reuniam principalmente nas casas uns dos outros, contudo na realidade atual precisamos de um local físico para as reuniões e desta forma como a igreja pagará aluguel, conta de luz, água, material evangelístico, ajuda social ao necessitado (Tiago 2:14-17) sem a contribuição dos cristãos?


VII - CONCLUSÃO

1. Nos dias atuais a questão envolvendo coleta de ofertas em igrejas se tornou extremamente delicada, pois muitos são os escândalos envolvendo líderes evangélicos, algo que faz do evangelho motivo de escárnio. Por isso existem igrejas que preferem nem fazer coletas públicas, muito embora 1 Coríntios 16:1,2 demonstra ser uma pratica bíblica. 

2. Creio que nos ficou claro que o cristão deve contribuir de maneira contínua e fixa para sua igreja local, a fim de que esses recursos sejam usados para o avanço do reino de Deus. Chamar essa contribuição de oferta, dízimo, doação ou mesmo contribuição neste aspecto é o que menos importa. O cristão sincero e grato não precisa ser cobrado pelo líder para contribuir financeiramente com a igreja, ele fará isso naturalmente por ser regenerado pelo Espírito Santo e se tiver condições doará mais que 10 % dos seus ganhos, assim como faziam os crentes de Atos 2 e como instrui Paulo em 2 Coríntios 9:6.

3. O dízimo não é para enriquecimento dos líderes evangélicos ou das denominações, aqueles que optam por se dedicar somente ao evangelho são dignos de receber seu sustento e não viver miseravelmente com sua família, entretanto o dízimo não é para tornar esses líderes "milionários da fé" ou as denominações superpotências econômicas.

4. O apóstolo Paulo em Filipenses 4:10-23 faz questão de agradecer pela contribuição financeira que os irmãos lhe deram e no verso 18 presta contas a igreja dizendo que Epafrodito havia lhe entregue o que da parte dos irmãos fora enviado. A ética com os recursos deve ser valorizada e a liderança deve prestar contas aos membros dos recursos recebidos e dos gastos realizados. 

5. Desconfie de líderes ou denominações que se preocupam em somente pedir ofertas e não em pregar o evangelho, fazendo uma espécie de barganha entre o povo e Deus. De igual forma desconfie de líderes ou denominações que não prestam contas a seus membros.

6. Por fim voltemos a Gênesis 14:20 quando Abrão entrega os dízimos a Melquisedeque. Agora observe que em Hebreus Capítulo 7 Jesus é comparado à figura de Melquisedeque. Logo nesta história encontramos um grande simbolismo, onde temos Abrão tipificando os servos de Deus e Melquisedeque tipificando Jesus Cristo, ou seja, o servo entrega seu dízimo, aquilo que Deus lhe deu por graça, ao seu Senhor, e isto é um ato de gratidão. Aqui está o segredo da contribuição, a gratidão, se você entregar seu dízimo para cumprir um ato legalista pouco ou nenhum valor terá diante de Deus. 















Um comentário:

  1. No estudo sobre guardar o sábado a página disse que nem todas as leis se aplica aos nossos dias pois se referia apenas aos Judeus e o mesmo a meu ver é o dízimo, mas podemos ver que nossos lideres só pagam a parte que convém sa bíblia.

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