A PLENITUDE DOS TEMPOS

  POR RODRIGO HENRIQUE


"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" Gálatas 4.4,5

O Apóstolo Paulo trata, em sua Epístola aos Gálatas, acerca da salvação mediante a graça, pela fé - sem as obras da lei. A justificação do homem se dá pela fé, com base na promessa e não na lei. A salvação mediante a graça - pela fé -, traz ao homem a liberdade. Liberdade, inclusive, da condenação da própria lei.

Anular a graça de Deus é permanecer sob a lei, que condena o homem - a letra (ou lei) mata o homem pois o condena constantemente à morte (II Co 3.9). Por que? Porque o homem transgride o mandamento. E quando o homem transgride o mandamento ele comete pecado (I Jo 3.4), cujo salário é a morte (Rm 6.23). Permanecer sob a lei, portanto, é permanecer debaixo da escravidão e condenação.

No entanto, para aqueles que estão em Cristo Jesus, nenhuma condenação há. Todo aquele que anda em Espírito também anda em santidade, pois a lei do Espírito de Vida nos livra da lei do pecado e da morte (Rm 8.1,2). É o Espírito quem nos vivifica, isto é, é Ele quem nos dá o poder para vencermos a carne e produzirmos fruto para a vida.


A PLENITUDE DOS TEMPOS

Essa liberdade nos é garantida em Jesus, o filho de Deus. Segundo o ensinamento do apóstolo Paulo, Jesus veio ao mundo na "plenitude dos tempos", mas o que isso quer dizer?

A palavra "plenitude" (gr. πλήρωμα - plērōma) traz a ideia de preenchimento e sua origem decorre da palavra pléroó (gr. πληρόω), cujo significado é "completar". A plenitude, portanto, é um preenchimento completo, adequado e apropriado.

Ora, que isso significa? Significa que Deus preparou um tempo oportuno e adequado a fim de enviar Seu Filho ao mundo. Quando Jesus se fez carne e habitou entre os homens, o mundo daquela época estava debaixo do império romano.

Mas o que isso tem a ver? Explico.

O império macedônico também fora governado por Alexandre, o Grande. Alexandre tinha um ideal: levar e difundir a cultura grega aos territórios que conquistava. Em decorrência dessa helenização e difusão da cultura grega, o grego (como idioma) se tornou a língua mais falada dos dias de Jesus.

Após a morte de Alexandre em junho de 323 a.C., o império fora disputado por seus generais que constantemente se enfrentavam em lutas que visavam afirmar diferentes objetivos. Porém, em 146 a.C., a Grécia Antiga fora dominada pelos romanos.

Roma abriu inúmeras estradas que eram guardadas pelas legiões romanas. "Segundo informes da história, a malha viária abrangia em torno de 300 mil quilômetros, sendo que 90 mil apresentavam condições excelentes para viajar".¹

Tanto as estradas do império quanto suas vias marítimas (protegidas de piratas) foram de grande importância para a expansão da fé cristã. Agora imaginem como seria se Paulo, em suas viagens missionárias, tivesse de aprender o idioma de cada nação por onde passava a fim de lhes comunicar o Evangelho... O grego foi, assim, uma língua de grande importância para a propagação da mensagem de Cristo. 

Tanto é verdade que o Novo Testamento fora escrito em grego, mais precisamente em grego koinê - a principal língua dos tempos de Jesus e seus apóstolos. Aliás, o apóstolo chamado aos gentios (At 9.15; 26.16-18) se aproveitou muito dessas realidades. Ele sabia o grego muito bem e, além disso, era cidadão romano por direito (At 22.28).

Sua cidadania romana lhe assegurava o direito de transitar por todo o império sem grandes empecilhos. Também lhe garantia o direito de não ser açoitado nem lançado na prisão sem antes ser condenado legalmente. A "pax romana", um período de paz e prosperidade que durou de 27 a.C. até 180 d.C. também foi fundamental à expansão do cristianismo e segurança das viagens missionárias.

Fritz Rienecker e Cleon Rogers disseram que "Deus preparou o mundo para a vinda de seu Filho naquela data específica da história. Isso indica que Deus é Senhor da história e que age neste mundo para levar a cabo seus propósitos".²


CONCLUSÃO

Hernandes Dias Lopes comenta que "os judeus ofereceram ao mundo as Escrituras; os gregos, a língua universal; e os romanos, as leis e as estradas que facilitaram o trânsito célere dos mensageiros e da mensagem"³ de Cristo.

Desse modo, a plenitude dos tempos consiste no fato de ter Deus preparado o mundo para a chegada de Seu Filho, bem como o cenário propício à expansão e difusão do Evangelho.


Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!



NOTAS

¹ Lições Bíblicas, 4º Trimestre de 2021. CPAD, p. 5.
² RIENECKER, Flitz; ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego, p. 378.
³ LOPES, Hernandes Dias. Gálatas - A Carta da Liberdade Cristã. Hagnos, p. 170.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Temas

Topo