A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO

POR NILDO OLIVEIRA
A PARÁBOLA DO RICO INSENSATO

Texto base: Lucas 12.13-21

O estudo da Parábola do Rico Insensato é muito propício ao tempo em que nós vivemos. Dias em que as pessoas estão mais preocupadas com as riquezas terrenas que as Espirituais.


CONTEXTO DA PARÁBOLA

Jesus estava falando diversos ensinamentos a multidão ao seu redor, incluindo-se os seus discípulos, e foi interrompido por um homem que o ouvia e lhe fez um pedido impróprio: "Mestre, diga a meu irmão que reparta comigo a herança". (13) 

OBS: Quando aconteciam disputas sobre propriedades e possessões, os adversários buscavam o conselho dos escribas, que eram os guardiões da lei nesses assuntos. Esse homem sabia que Jesus era um rabi enviado por Deus e, então, foi em busca de seu veredicto com relação à sua herança. Porém, Jesus rejeitou o seu apelo, porque estava além da sua missão.

Jesus então usa a ilustração da parábola do rico insensato, para expor a loucura, que é o homem ser avarento, e o engano de pensar  que a vida de alguém consiste na abundância dos bens que possui. Ver a vida apenas resumida ao material, é estar numa posição insensata e fatal, porque não são as possessões materiais que mantêm a vida, mesmo que sejam abundantes, mas as coisas Espirituais e Eternas. Esse é o cenário da parábola.


LOUCO SEM DEUS!

O significado de loucura: Sem razão, sem sanidade mental, falta de percepção natural sobre a realidade das coisas naturais e espirituais.

Porém o homem da Parábola era um louco pela ausência de Deus. Davi mostra a imagem de um louco como a de um homem que afirma: "Não há Deus" (SI 14:1). A expressão original é Não Deus, ou Deus Não, como se o louco fosse alguém que disse: "Não quero nenhum Deus para mim!" ou seja, negar a existência de Deus, negar-se a estar debaixo do governo moral de Deus.

E por isso que louco e ímpio são termos tratados às vezes como sinônimos. Sua vida pode ser uma vida cheia de "muitas coisas", mas se Deus for subtraído dela, com certeza será uma existência vazia.


TUDO QUE TEMOS FOI DEUS QUE DEU

A sua grande insensatez foi o seu desconhecimento da mão divina, que supria a sua prosperidade multiplicada. Esqueceu de que Deus estava por trás dos frutos, do milho, e de tudo o que ele possuía.

O homem não reconheceu, não havia nenhuma gratidão, que Deus é quem concede a chuva e as estações frutíferas, e também não houve um gesto de gratidão de sua parte em voltar-se para Deus, que é a fonte de onde nascem todas as bênçãos. 

O Salmista descreve muito bem a imagem desse rico Insensato: "Dos que confiam nos seus bens, e se gloriam na multidão das suas riquezas [...] O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão perpétuas e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras os seus próprios nomes. Todavia, o homem, apesar das suas riquezas, não permanece; antes, é como os animais que perecem. Esse é o caminho daqueles que confiam em si mesmos, e dos seus seguidores que aprovam as suas palavras" (SI 49:6,11-13).


UM RICO POBRE

Jesus nesta parábola de refere ao homem como um fazendeiro bem sucedido, como um rico, mas, na verdade, ele era um pobre rico. Ele era como a igreja de Laodicéia: rica, multiplicada de bens, sem precisar de nada; no entanto, pobre e miserável. Ao ver os seus bens aumentarem, ele depositou o seu coração neles, em vez de colocá-lo no verdadeiro Deus, que lhe dera a habilidade de acumular riquezas. "Tudo vem de Ti, e somente devolvemos o que veio das tuas mãos" (lCr 29:14).

O grande problema desde homem não era o dinheiro, e sim o grande desejo de produzir e acumular coisas deste mundo, em nenhum momento o rico pensa na origem divina dos bens, nem muito menos usá-los para o Reino de Deus.

Paulo diz que o amor ao dinheiro, não o dinheiro em si mesmo, é que é a raiz de todo o mal (lTm 6:10). Jesus nunca condenou o dinheiro em si.

"A ilusão das riquezas" bloqueou qualquer 
anseio por Deus e pela sua Palavra.

Nessa parábola, Jesus expôs o pecado do rico louco, ele deixou de ser "rico para com Deus". O desejo de adquirir riquezas não pode dominar nossa vida e destruir toda possibilidade de pensar em Deus e de almejar a salvação. 

Uma pessoa pode ser milionária e, contudo, ser, ao mesmo tempo, espiritualmente falida. Muitos príncipes e grande comerciantes são extremamente pobres aos olhos de Cristo que, mesmo possuindo toda riqueza, tornou-se pobre por nós, para que, através de sua pobreza, pudéssemos nos tornar verdadeiramente ricos. Bendito seja Deus, pois, mesmo que sejamos pobres, podemos possuir tudo o que tem valor permanente.


O EGO DO RICO 

Jesus deixa bem claro nesta parábola a presunção do rico louco! Análise as frases ditas pelo rico louco: Eu, Meu e Eu Quero.

Os pronomes de possessão pessoal estão bem destacados. Podemos ver esse presunçoso rico com muita alegria observar a sua riqueza, que foi multiplicada e ainda aumentaria: "Meus frutos, meus celeiros, meu milho, meus bens, minha alma". Deus, que lhe havia suprido tudo aquilo, não fazia parte dos seus pensamentos.

"E que tens tu, que não tenhas recebido?" Claro, a sua terra tinha produzido com abundância. Mas quem havia provido o solo fértil, a chuva, o sol, e tudo o mais da natureza, que produziram as colheitas as quais fizeram com que seus celeiros ficassem superlotados? Ele chega ao ponto de dizer que a sua alma lhe pertencia: "Minha alma". E porque suas palavras eram somente meu, minha, e não havia um reconhecimento de que "Tua, Senhor, é a glória", Jesus o chamou de louco, a loucura dele foi a sua falha em reconhecer a Fonte que tudo supre. Essa sua falha ocasionou a perda de tudo.


TUA ALMA, PARA QUEM SERÁ?

O homem louco se vangloriava cheio de orgulho: "Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos". Porém o Deus, que ele esqueceu, inverteu rapidamente aquela situação e disse: "Esta noite (a noite daquele mesmo dia em que ele assim se vangloriara) te pedirão a tua alma". Em vez de celeiros, ele teve um funeral; em vez da antecipação de uma vida de luxo, veio sobre ele um chamado para prestar contas a Deus. 

O rico louco, em sua miopia, nunca pensou em sua mortalidade e no fato de que o seu fôlego estava apenas em suas narinas.

Os homens que agem como o rico louco, o destino será o inferno, não por ser rico, mas por deixar Deus fora de suas vidas.


O QUE TENS PREPARADO, PARA QUEM SERÁ? 

Jesus acrescentou a pergunta: "Então, o que tens preparado, para quem será?" O rico louco não poderia levar consigo, para a eternidade, um grão sequer dos seus celeiros lotados. Ele deixaria o mundo com as mãos vazias, exatamente como havia entrado nele. 

"Como a perdiz que choca ovos que não pôs, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente. Na metade de seus dias, elas o deixarão, e no seu fim ele se mostrará insensato" (Jr 17:11).

O homem rico se  enganou quanto ao propósito de sua vida, ao imaginar que consistia na abundância de suas posses materiais. Paulo disse: "Pois para mim o viver é Cristo".


CONCLUSÃO

Eu diria que o erro mais destacado desse homem tenha sido a sua negligência com relação ao futuro. Ele preferiu riquezas que podia ver e manusear, aos tesouros ocultos e eternos armazenados no céu. Ele perdeu os seus bens materiais e sua alma.

Por fim, o senhor Jesus, após terminar essa parábola, continuou a falar, ensinando sobre uma maneira muito melhor de viver. Ele disse aos seus discípulos que considerassem os corvos, os lírios e os pardais de quem o seu Pai cuida, e que o seu único celeiro ou armazém está "nos céus" (Lc 12:33). Se Deus estiver em primeiro lugar, e não os nossos bens, então seja o que for que ele nos permita ter, e não faz diferença se for muito ou pouco, será usado como útil para ele.



REFERÊNCIAS

Bíblia sagrada - Almeida, revista e atualizada;
Compreendendo todas as parábolas de Jesus. Guia completo. Rio de Janeiro. CPAD, 2010;
As parábolas de Lucas. São Paulo. Vida Nova, 1985,
Todas as Parábolas da bíblia - Editora Vida, por Herbert Lockyer.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Temas

Topo